Bolo de abóbora e baunilha



Quando eu era criança lia muito. Continuo lendo. Mas para o padrão infantil eu era uma devoradora de livros. Ali pelos 10 anos comecei a ler uma coleção da biblioteca da minha escola de uma autora chamada Laura Ingalls Wilder. Era uma família perfeita de pioneiros americanos que passavam por inúmeras dificuldades mas viviam muito felizes, se amavam e se respeitavam. Agora o que eu não esqueço mesmo era o cardápio da família. Numa época de privações a mãe faz uma torta de abóbora verde, ou seja, abóbora ainda não pronta para o consumo, que foi uma festa. Até hoje sinto o gosto imaginado. O sorvete que preparavam quando nevava. A laranja que a protagonista ganha num aniversário "chique" e que traz para casa, com o máximo cuidado, para dividir com a família. A fase em que só se tinha batatas para comer. Ou num rigoroso inverno em que não havia farinha de trigo para as panquecas... Bem...mais privações do que fartura. E quando pensamos em que como a maioria de nós vê os alimentos, como se nascessem na prateleira do supermercado e não na terra... Bom...voltando ao bolo, lembrei muito desses livros ao preparar meu bolo de abóbora cabotcha.  Adoramos essa aqui em casa e faço muito assada em fatias finas, mas, uma abóbora é sempre demais e não gosto de comprar cortada. Então sempre preciso associar outra receita para aproveitar a sobra. No feijão fica ótimo. Na sopa. Ou caramelada na panela. Hoje foi bolo. Com a adição da baunilha criou-se uma combinação muito harmoniosa e suave. A massa com farinha de arroz não fica tão úmida. Fica sim, muito macia. Graças também ao iogurte que sempre confere maciez. E a cobertura de cream cheese é um pedido recorrente do meu filho. Põe aquela cobertura de cream cheese!? Pus. E com a pasta de baunilha tem até pontinhos pretos.

Não resisti encontrei este trecho neste blog. Olha que delícia!

Trecho de "O longo inverno" de Laura Ingalls Wilder 
   "No Inverno, a nata não era tão amarela como no Verão e a manteiga que dela se fazia era branca e menos bonita. Como a mãe gostava que todas as coisas da sua mesa fossem bonitas, no Inverno coloria a manteiga. 
Depois de deitar as natas na batedeira alta, de louça, e de a colocar perto do fogão, para amornar, lavava e raspava uma cenoura comprida, cor de laranja. Em seguida, ralava-a no fundo de uma velha frigideira de folha, que o pai enchera de buraquinhos, com um prego. 
A mãe andava com a cenoura de um lado para o outro, na aspereza dos rebordos dos buraquinhos, e quando acabava, levantava a frigideira e via-se um montinho mole e sumarento de cenoura ralada. 
A mãe deitava a cenoura num tachinho de leite que estava ao lume e, quando o leite aquecia, despejava a mistura num saco de pano. Depois espremia o leite amarelo vivo para a batedeira a fim de colorir as natas todas. Assim a manteiga ficaria amarela. 
Laura e Maria podiam comer a cenoura, depois de espremido o leite. Maria achava que devia comer o quinhão maior, por ser a mais velha, e Laura dizia que a maior parte devia ser para ela, por ser a mais nova. Mas a mãe mandava-as dividir a cenoura ralada em partes iguais. Era deliciosa. Quando as natas estavam preparadas, a mãe escaldava." 

Bolo de abóbora com iogurte e baunilha


1 xícara de purê de abóbora 
2 xícaras de farinha de arroz
1/2 xícara de farinha de trigo
1 a 1/2 xícara de açúcar
1/4 xícara de mel
1 copo iogurte natural
3/4 de xícara de leite
3 ovos
1 colher de fermento em pó

Cobertura

1 pote de cream cheese
1 copo iogurte grego
2 colheres de açucar de confeiteiro
1/2 colher de extrato de baunilha,


Comece cozinhando a abóbora, no vapor. Usei três gomos de uma cabotcha pequena. Rendeu 1 xícara de purê. Deixe amornar.

Unte uma forma média com manteiga derretida ou margarina e polvilhe farinha de trigo.

Coloque no liquidificador o purê, o óleo, o iogurte natural, o mel, os ovos, o açúcar, o extrato de baunilha e o leite. Bata para formar um creme fluido. Reserve.

Numa tijela peneire as farinhas e o fermento em pó. Faça uma cova no centro e acrescente aos poucos a mistura líquida. Misture delicadamente para obter uma massa homogênea. Coloque na forma, dê um leve batidinha e leve para assar por cerca de 40 minutos. 

Retire do forno, deixe esfriar uns cinco minutos  e desenforme. Ao esfriar completamente cubra com o creme se desejar.

Creme para cobrir

Misture todos os ingredientes, bata bem, coloque num saquinho plástico, faça um pequeno corte na ponta e aplique a cobertura como quiser. Ou use o saco de confeitar. Como ando preguiçosa uso um saquinho qualquer para não ter que lavar... Ou faça como era meu plano inicial só cobrindo com uma nuvem de açúcar de confeiteiro. Até por isso tinha usado uma das minhas formas Nordicware que são meus dodóis na cozinha. Mas pedido de filho...sempre comove o coração da cozinheira.